terça-feira, 22 de junho de 2010

A poesia em mim


Sabe uma poetisa pela qual sou apaixonada em ler? Cecília Meireles. Tenho paixão pelos seus poemas que conheci ainda na adolescência. O primeiro contato que tive com esta mulher das letras foi na escola, quando a minha professora de português adotou um livro didático de português que trazia, no inicio de cada capítulo, um trecho de uma poesia de Cecília. Lembro que li todos os trechos de poesias de todos os capítulos do livro didático, sempre querendo mais.

Mas foi no ano passado(2009) que me reencontrei com Cecília Meireles quando estava em um supermercado e vi um livro de antologia poética da mesma(uma reunião com as suas poesias mais famosas e conhecidas) e o comprei. Foi tudo ler aquele livro!

Cecília fala de coisas com as quais me identifico, algo bastante comum de acontecer com as poesias que leio dela e de outros poetas também. Isso é o bom da poesia, sabe? Podemos nos ver em algumas, e nas que não nos enxergamos, algum dia iremos nos identificar. Né bárbaro?

Bom, foi pensando em Meireles hoje que decidir dividir aqui, com vocês(há alguém aqui lendo? rsrssr), um de seus poemas. Pode ser?

Como acho que a resposta foi sim, lá vai:

Tu Tens um Medo

Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.
Sem esperar.
Tão separado do que ama, em ti,
Que não te inquiete
Se o amor leva à felicidade,
Se leva à morte,
Se leva a algum destino.
Se te leva.
E se vai, ele mesmo...
Não faças de ti
Um sonho a realizar.
Vai.
Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
Sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos
Humanos,
Esquecidos...
Enganados...
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor...
... E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que é eterno.

(Cecília Meireles)


Poderia fazer uma interpretação deste poema de como o vejo e, conseqüentemente, de como me vejo, mas iria demorar muito rsrrs Contudo, afirmo que é muito bom praticar o "esporte" de nos visualizarmos através das letras e a poesia tem esse poder para nos trazer para dentro de nós mesmos. Experimentem esse "esporte" que vai ser muito bom, garanto!

*Foto: Foto da poetisa Cecília Meireles

Boa, melhor, excelente quarta-feira para todos!!!!

Beijão!!!!


Um comentário:

  1. Traduz Marcinha porque viajei, num 'tendi nada, aliás prefiro a...aquela que o povo daqui se gaba dela ter morado aqui na cidade, mas q na verdade ela é ucraniana...esqueci completamente o nome agora! kkk Sempre acontece isso comigo, eu penso em escrever e tá tudo na ponta dos dedos, e quando começo foge tudo, sai tudo correndo da cachola.

    (...)

    Deixa ver se eu lembro...pera, vou pesquisar! kkkkk
    Aaah, nada como uma boa pesquisa: Clarice Lispector! kkkk

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