quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quinta-feira dia de aula sobre o Cinema Brasileiro


Hoje, na aula de cinema brasileiro ministrada pelo professor Paulo Cunha(Professor do departamento de Cinema da UFPE), tive o privilégio de assistir um dos filmes mais complexos que tive a oportunidade de ver. O filme se chama Limite, filmado em 1930 e apresentado pela primeira vez no dia 17 de Maio de 1931 no Cinema Capitólio, na Cinelândia no Rio de Janeiro. É a obra - prima da vida do cineasta Mário Peixoto, que fala sobre a passagem do tempo e a condição humana. Na verdade o filme vai muito além dessas duas características, ele é muito complexo e, como bem disse meu professor, temos que assisti-lo mais de uma vez. Eu, entretando, o vi pela primeira vez hoje, então necessito ver mais vezes, apesar de achar um pouco cansativo pelo simples motivo que o longa para ser compreendido, como bem queria Mario Peixoto, necessita da participação do espectador no sentido que ele, a medida que o filme vai passando, precisa entrar em contato com aquela película, pois é um filme no qual precisamos raciocinar. Falo isso porque Limite não tem um tempo cronológico, ou seja, não segue uma linearidade o que torna necessário termos uma concentração absurda e uma leitura a cada cena do filme. É cansativo, mas é bom também.
Mário, ao filmar Limite, queria chamar a atenção para algo que sempre o incomodou, a questão da efemeridade do tempo, fato que sempre o deixou angustiado. Essa inquietude podemos ver relatada no documentário Onde a Terra Acaba(mesmo título de um filme inacabado de Mário) de Sérgio Machado sobre a vida de Mário Peixoto. Neste documentário nos é apresentado o Ser Humano Mário Peixoto, um homem que adorava a natureza, não gostava da realidade e buscava no meio ambiente seu refúgio.
Após ter visto Limite confesso que sentimos a angústia referente ao tempo, pois os personagens, em seus momentos de Flashbacks, nos trazem relatos de histórias de vida em que parece não haver mais tempo para ser vivido. Já em outros momentos, as mesmas cenas, parecem nos mostrar que apesar de tudo que façamos, do caminho que traçamos em busca do que acreditamos que nos fará felizes a vida vai continuar girando, como uma roda, e fará chegar no mesmo ponto do qual saímos, ou seja, ela está sempre nos levando ao limite do tempo, ou ao fim de tudo. É algo bem louco, mas Limite nos dá a sensação de naufrágio, que é nos passada através das interpretações dos atores onde eles parecem estar naufragados dentro deles mesmos. Quero dizer, que eles parecem ser náufragos das suas próprias vidas.
Limite foi para mim muito complexo e acredito que quando for assistir novamente posso ter uma outra visão, pois Limite nos permite ter diversas interpretações. Se eu , que o vi pela primeira vez estou com mais de uma conclusão, imaginem quando for vê-lo pela segunda vez? Acrescentem mais duas, três, quatro...interpretações futuras rsrs

Ah, Limite, como falei acima, foi apresentado em 1931 e é um dos clássicos do cinema mudo no Brasil. Isso mesmo, é um filme não falado e nossas percepções da película ficam a cargo das interpretação dos atores, das suas expressões faciais e corporais. A única sonorização que temos é a música que também é um fator importante no filme, pois através dela as nossas percepções são mais, digamos, concretas.

Bom, tá aí um filme complexo, mas que nos faz refletir bastante sobre a vida, o tempo, o ser humano. É um excelente filme!

Boa sexta-feira à todos!

Bjs!

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