Alguns acontecimentos na vida traz aprendizagem, enquanto que outros nos faz ver que aquela coisa, na qual acreditamos por toda a vida ser o mais importante, não acontece e não é da maneira que construímos dentro de nós.
Essa descoberta nada agradável traz uma profunda desilusão, um verdadeiro sentimento de perda. Passamos a enxergar a vida e sua realidade. Uma realidade que não é nada bonita. E por vermos que a realidade não tem beleza percebemos que a nossa construção antiga de algo maior e poderoso era uma fantasia. Uma ilusão.
Aprendemos desde cedo - isso para alguns bobos que constroem tal visão da vida - a iludirmos a nós mesmos. E quando nossas construções idealizadas da vida desabam, mostram que essas ilusões estavam tão enraizadas dentro de nós, que quando a "árvore" morre e temos que extrair a raiz de dentro de nós percebemos que são pedaços tão imensos a serem arrancados que os buracos deixados são impossíveis de serem cobertos ou recobertos.
Para cada "árvore da desilusão" que arrancamos suas raízes fica uma vala na qual nos soterramos dentro. Nos soterramos, pois percebemos o quão iludidos nos permitimos ser. Ilusões são perigosas.
Mesmo a realidade sendo crua, fria e seca é melhor viver dentro dela do que nos iludirmos para fugir dela. É pior porque quando acordamos para a "real" percebemos que estávamos enganando a nós mesmos.
E podem ter certeza que acordamos cedo ou tarde. Mesmo que esse tarde signifique uma duração de 29 anos, 11 meses e 9 dias.
E tudo isso traz dor. Uma dor que talvez tenhamos protelado por conta da realidade ser tão dura. Mas no final ela, a realidade, sempre nos vence. Sempre vence nossas fantasias, nossas ilusões...nossas edificações ilusórias!
Isso me faz lembrar Cecília Meireles que sabia descrever um momento de dor e, talvez, de desilusão, quando diz:
CONHEÇO A RESIDÊNCIA DA DOR
Conheço a residência da dor.
É um lugar afastado,
sem vizinhos, sem conversas, quase sem lágrimas,
com umas imensas vigílias, diante do céu.
A dor não tem nome,
não se chama, não atende.
Ela mesma é solidão:
nada mostra, nada pede, não precisa.
Vem quando quer.
O rosto da dor está voltado sobre um espelho,
mas não é o rosto de corpo,
nem seu espelho é do mundo.
Conheço pessoalmente a dor.
A sua residência, longe,
em caminhos inesperados.
As vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores.
E ouço dizer:
"Quem visse, como vês, a dor, já não sofria."
E olho para ela, imensamente.
Conheço há muito tempo a dor.
Conheçoa-a de perto.
Pessoalmente
(Cecília Meireles)
Dor, desilusão...qualquer que seja o seu nome sempre nos pega nos momentos em que acreditávamos estarmos vivendo, ou que iríamos viver, algo sublime e belo. Mas a vida é assim. A vida é desilusão. O que nos resta é seguir vivendo dentro da realidade da vida.
Boa semana!
Bjs!
P.S. Meu post foi escrito depois de reflexões sobre algo que acreditei desde minha infância. Mas acordei. E não adianta questionar o que é...não vou falar!
Pra mim cê vai falar sim!!! Que profundo!!! Beijos!!!
ResponderExcluirEita, senti a ordem daqui qd li: "Pra mim cê vai falar sim!!!" Me fez ri teu coment rsrs
ResponderExcluirBjs!