quinta-feira, 22 de abril de 2010

Quinta-feira: Cinema Brasileiro, filme e debate


Quinta-feira, neste semestre, é o dia para explorar o Cinema Brasileiro desde o seu começo. Na aula anterior o cinema mudo deu o ar da graça, nesta semana entramos em contato com a transição, na história do cinema nacional, do filme mudo para os falados entrando em cena a sonorização da cinematografia nacional. O filme nos apresentado, pelo professor Paulo Cunha, foi Ganga Bruta(segue um poster do longa) de 1933 e dirigido por Humberto Mauro, onde é retratada a vida brasileira nos anos de 1930. Fazendo um resumo da sinopse, o filme conta a história de um "homem rico mata a esposa, na noite de núpcias, quando descobre que ela lhe foi infiel. Inocentado pela justiça, ele vai para o interior, onde conhece uma jovem por quem se apaixona, e com a qual pode ter uma segunda chance." E a jovem moça se apaixona por um engenheiro que vai ao interior trabalhar, ao que parece em uma construção de uma siderúrgica, e este homem se apaixona em retorno pela senhorita Sonia...bom, o filme é em preto e branco, mas o que chama a atenção é o fato que mesmo sendo um dos primeiros filmes em som digo, falado, ainda temos inserido na película traços do cinema mudo, pois em algumas cenas aparecem os atores movimentando os lábios(falando), mas ao invés de ouvirmos o som da voz dos mesmos escutamos apenas a música e, logo em seguida, aparece a legenda das falas escritas na tela. Eu vejo mesmo como um filme de transição de um momento(mudo) para outro(falado).

O professor iniciou um debate, após 10 minutos de descanso, onde contextualizou o momento em que aquele filme estava inserido, ou seja, uma sociedade ultra conservadora que dá de cara com um filme, para a época, vanguadista. Um filme de vanguarda é uma produção que está a frente do seu tempo, os cineastas dessa corrente buscavam chocar a burguesia e causar impactos com sensações a partir de fenômenos visuais. Isto vemos em Ganga Bruta, mais precisamente em uma cena onde a mocinha é carregada nos braços pelo engenheiro, trazendo a insinuação sexual para a história. E isso nos anos de 1930 foi chocante. Ao questionar o professor como foi a aceitação do público para aquele filme, bem como para a transição do cinema mudo para o falado, o mesmo falou que foi um fracasso que levou o longa à um esquecimento. Contudo, esta película teve seu merecido reconhecimento no ano de 1952, onde foi recuperado para a 1ª retrospectiva do cinema brasileiro, o consagrando como a obra-prima de Humberto Mauro.
Gostaria de dizer aqui que o debate de hoje foi bastante interessante, pois começamos falando sobre o filme, passamos pelas discussões sobre a fotografia, movimento da câmera, os enquadramentos das cenas, depois as falas foram mais filosóficas, passando pela psicologia e chegando a parte mais interessante da aula, sem querer desmerecer o que já havia sido debatido, mas essa parte foi uma maravilha porque o professor levou a conversa para a questão das percepções pessoais, trazendo a dele logo em seguida. Foi uma viagem, no bom sentido, e que eu embarquei sem comprar ticket rsrsr Paulo foi tão profundo nas suas falas que me identifiquei bastante com algumas de suas percepções. Foi simplesmente incrível! Adorei!

Tá aí uma disciplina que estou amando cursar na faculdade e que está me dando um prazer inenarrável. Alguns me diriam que sou suspeita em falar com tanta empolgação dessa cadeira, pois sou apaixonada pela arte cinematográfica. Mas é isso, estou amando aprender mais sobre a história do cinema nacional e tudo que essa arte teve que passar para chegar ao nível que temos hoje. Foi graças a pessoas como Humberto Mauro, por exemplo, que o cinema brasileiro pode se desenvolver e chegar "inteiro" aos nossos dias.

Ah, um ponto interessantíssimo que foi falado, e foram tantos, e que eu nem havia parado pra pensar, foi quando Paulo tocou na dificuldade que o cinema nacional passou para se adaptar ao novo momento do cinema, ou seja, a sonorização. Ele fez uma analogia ao que seria hoje os filmes em 3D. E sabe o que me veio a mente na mesma hora? O que ouvi José Wilker falar na noite de premiação do Oscar 2010, quando ele falava que se Avatar ganhasse o Oscar de melhor filme abriria mais espaço para películas muito caras e que poderia encarecer as produções. Acho que a fala do professor Paulo Cunha pode ser uma continuidade da fala de Wilker. Ele, Paulo, nos fez ficar calados na sala refletindo sobre o que havia falado, isso por alguns segundos. O que Paulo chamou a atenção foi no fato que a transição do cinema mudo para o falado trouxe apertos à nossa cinematografia, uma vez que para adaptar ao novo momento do cinema era necessário investir em tecnologia cara. Seria a mesma coisa em relação aos filmes em 3D, mas acreditamos que hoje em dia pode não ser tão difícil a adaptação, contudo não queremos que a sétima arte deixe de ser feita das formas múltiplas que ela tem. Gostamos de tudo, cinema em 3D, cinema independente, cinema mais reflexivo...Enfim, queremos que a arte cinematográfica seja um espaço que continue comportando todas as formas de expressão cinematográfica que agrada a todos os gostos.

Já ansiosa para a próxima aula! =)

Excelente sexta-feira à todos!

Beijão!!!!!

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