Uma viagem ao subconsciente humano é o principal ingrediente da obra cinematográfica A Origem (Inception). Um atrativo mais que perfeito para seduzir o espectador e levá-lo aos cinemas.
O filme começa deixando a platéia perdida, mas a partir do momento que a mesma se concentra começa a traçar os caminhos para conseguir entender o enredo da história. A princípio, acredita-se ser um filme bastante complexo para ser entendido, no entanto esse lado complicado não torna o filme enfadonho e nem causa repulsa. Pelo contrário, esse lado “difícil” traz a pessoa que assiste para dentro do filme. Além de instigar a pessoa a buscar “traduzir” o que ver nas imagens, em outras palavras, faz o telespectador participar da construção da narrativa, uma vez que há a necessidade de “desvendar” o longa-metragem. Isso tudo, em torno do filme, é importante para chegar a sua compreensão, sendo instigante observar e analisar qualquer “peça” para entender o que está sendo visto.
Está aí um fato interessante do filme, trazer o telespectador para participar do desenrolar da história, uma vez que não tem como não ser dessa forma. Assim, caso ele não se torne parte do filme, analisando o que está vendo e procurando juntar as peças do quebra-cabeça que passa na telona, corre o risco de perder a linha de raciocino da película.
Essa história tão envolvente tem na personagem principal Cobb, vivido pelo ator Leonardo Dicaprio, sua largada inicial. Ele usa sua arma principal – os sonhos - para conseguir descobrir “mistérios” trancafiados nas profundezas da mente das suas vítimas. Para impetrar sucesso, Cobb e seus ajudantes preparam todo um aparato que tem na investigação e na “construção” de locais imaginários a base que leva sua vítima a crer estar em um sonho.
O filme prende a atenção desde a sua primeira cena tornando impossível desviar o olhar da tela. É como se o espectador estivesse em estado de torpor, uma vez que não consegue parar de fazer ligações mentais para desvendar as cenas expostas na telona. Fazendo assim haver uma completa ligação entre filme e espectador, tornando esses dois elementos inseparáveis por mais de duas horas de exibição.
A conexão se dar devido à grande maioria das cenas remeterem o espectador a questionar se o que está vendo é a realidade ou o sonho em si. O que causa espanto, pois a todo o momento o “choque” da realidade x sonho é constante, é como se a platéia “tomasse um pancada” e tivesse a sensação de cair, ou seja, da mesma maneira que acontece em alguns sonhos quando há a impressão de estar caindo, “pulando” na cama, e acordando logo em seguida.
Outro momento interessante são as cenas que trazem os estágios do sonho de Fisher, personagem vivido pelo ator Cillian Murphy, onde se dar a busca por resquícios de uma informação contida nas entranhas da sua mente. Além, também, da empreitada que busca implantar uma idéia dentro da mente de Fisher visando que o mesmo destrua a empresa herdade de seu pai. O instigante está justamente nessas camadas do sonhar, que estão conectadas, fazendo as ações acontecerem de forma rápida e simultânea, sendo cada um desses estágios responsável por manter o outro em funcionamento.
As personagens trazem, também, questionamentos e reflexões que parecem ser as mesmas dos espectadores. Trazendo assim, mais uma conectividade entre a platéia e o filme, pois o espectador passa a se questionar sobre as mesmas inquietações dos personagens sobre a questão do sonho em si.
A Origem é um filme estimulante, pois está sempre na linha tênue entre a realidade e o sonho, onde qualquer passo dado em falso pode levar a uma perda da consciência de si mesmo, ou seja, do seu próprio eu. E esse constante questionamento do que é real e imaginário discutido pelos personagens e, também pela platéia, leva a inquietações sobre a fuga dessa realidade. Aflições que muitos possuem, mas que não percebem, e essa vontade de “fugir” pode estar dentro de cada um.
Ao sair do filme, ou mesmo antes deste terminar, o espectador questiona se o que passou naqueles momentos finais da última cena é realmente a realidade acontecendo ou se o personagem ainda está dentro de um sonho idealizado por si mesmo.
Ah, já estou terminando de escrever o segundo exercício que o professor solicitou. É para esta quinta-feira(16/09). Só que este é diferente porque a escolha do filme ficou a nosso gosto. E eu tô escrevendo sobre Nosso Lar e estou quase terminando.
Boa noite!
Excelente quarta-feira!!!
Bjs!
Isso de não haver fórmula exata para a confecção de uma crítica cinematográfica me parece não só correto, como óbvio, até porque desconfio de que não exista fórmula exata p/ nada, nem mesmo p/ a matemática! Já quanto a impossibilidade de abordar tudo que um filme traz, depende, pois há filmes e filmes.
ResponderExcluirInteressante essa forma de correção do prof. quando fiz “Cinema e construção do tempo”, no mesmo curso, o prof. leu os argumentos p/ curta-metragem dos alunos presentes; foi interessante não só conhecer as historias dos demais, mas também ouvir suas críticas e sugestões ao meu argumento (foi a primeira vez que me aventurei – por ser obrigado rs – a redigir obra ficcional e, após certa apreensão, acredito ter conseguido realizar um bom trabalho, apesar de pender mais p/ a escrita literária que p/ a cinematográfica, com seu necessário caráter “imagético”. Acredito que tal diálogo/ confrontação é escasso, senão inexistente em nossos atrasados cursos do CFCH (talvez psicologia se salve...)
Sobre tua resenha, o que achei mais interessante foi o apontamento de uma suposta condição de igualdade entre os personagens e os espectadores, no que concerne a questionar estarem num sonho ou na vida real, ainda que tal dúvida me parece restrita a Cobb e a Fisher. Concordo contigo sobre a ambigüidade do desfecho e fiquei curioso por saber se todos haviam pensado assim.
Apesar de ter gostado do filme, não compartilho de seu entusiasmo por ele. Considero-o um bom filme se comparado ao que vem sendo lançado nos últimos tempos, mas um filme fraco perto do que Nolan pode fazer (vide “Amnésia”). Trata-se de minha já célebre peitica em relação à Hollywood. Até escrevi sobre o filme, mas só postarei mais p/ frente. Meu texto fica num meio termo entre o seu e um outro que li – indico-o em minha resenha – o qual mete o pau na pouca criatividade do filme no que concerne a retratar sonhos (cadê o onírico-surreal inerente a eles?!?).
Muito legal o seu comentário, obrigada!
ResponderExcluirJá sei uma coisa: vc é de Recife, né?
Estudou ou estuda na UFPE(CFCH)???ainda uma incógnita. rsrsr
Ah, "peitica em relação à Hollywood" a grande maioria tem, mas eu curto o lado de lá.
=)
Sobre a ambigüidade do final da Origem peguei uma pequena "discussão" com minha amiga(ela é do curso de cinema) pq ela bateu o pé e acredita q Cobb não estava mais em um sonho...e eu disse: presta atenção q o "pião" não parou. Mas não teve jeito e cada uma segurou seu ponto de vista e seu argumento, sobre o final do filme, até o fim.